SEMANA DA SOLIDARIEDADE

Semana de 09 a 15 de junho.
“Nunca somos tão pobres de bens materiais e espirituais que não possamos doar alguma coisa ao companheiro necessitado, seja o pão ou a palavra de consolo e solidariedade.”
In Loucura e Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
AMIGOS
O que caracteriza a solidariedade? Segundo o dicionário: é o “sentimento de simpatia, ternura ou piedade pelos pobres, pelos desprotegidos, pelos que sofrem, pelos injustiçados etc.”
Diante desta definição, já nos perguntamos se somos pessoas solidárias?
A solidariedade se define, sobretudo, pela ação, não deve ficar somente no sentimento.
Ser solidário é reconhecer as dificuldades ou necessidades alheias e consequentemente ter boa vontade para cooperar com o outro, nos ajudando a sair de nós mesmos e a nos colocarmos no lugar do outro.
A humanidade ainda sofre muito pela intolerância e somente as atitudes solidárias mudarão este quadro, ainda tão sombrio no nosso planeta.
Texto do Evangelho para a semana – cap. XIII – item 20
O AMOR É UMA VIA DE DUAS MÃOS
Conto inspirado no escritor russo Léon Tolstoi.
Depois de castigar os campos da Rússia por meses ininterruptos em 1860, o inverno parecia finalmente dar sinais de enfraquecimento. Vendo que a neve se mantinha estável ao longo de sua imensa propriedade, o senhor mandou chamar dois de seus melhores camponeses e lhes deu a incumbência de viajar a uma aldeia distante para tratar de um contrato de extrema importância para o futuro de seus negócios.
Pushkin e Martuin foram os encarregados. Acordaram cedo numa fria e escura manhã, atrelaram um robusto cavalo ao trenó e seguiram. A viagem deveria durar sete ou oito horas.
Antes do meio-dia, no entanto, começou a nevar. Logo a nevasca tornou pior a visibilidade e dificultou ainda mais o trote do animal. (…) Mas, um dos patins do carro caiu numa vala e foi impossível tirá-lo dali. Eles tiveram de livrar o cavalo e retomar o caminho a pé.
O frio era cortante. Envolvidos em seus pesados casacos e afundando na neve que atingia seus joelhos, os camponeses caminhavam sem ver casa ou aldeia em que pudessem pedir abrigo.
(…) Estavam nessa situação terrível quando avistaram dois corpos jogados na neve. Aproximaram-se e viram uma mulher ao lado de uma criança de dois ou três anos. A mãe falecera. Mas o menino ainda respirava, com extrema dificuldade. Martuin apanhou-o e o trouxe aos braços.
– Que você está fazendo? Ficou louco? – perguntou-lhe Pushkin
– Ele ainda está vivo.
– Sim, e daí? Como é que você vai levar a criança, se não aguenta o peso do próprio corpo?
– Eu pensei que poderíamos fazer um revezamento…
– Comigo? Já estou tendo trabalho demais para salvar minha vida!
E dizendo isso, Pushkin se afastou e sumiu atrás de um monte de neve. Martuin acomodou o pequeno em seu colo. Para esquentá-lo, colocou-o em contato direto com sua pele e o cobriu com suas roupas. (…)
A tarde passou lentamente e a neve não deu tréguas. O frio começava a adormecer os membros de Martuin e a convencê-lo a parar de andar. A ideia de que precisava salvar aquela vida em seu regaço, no entanto, o fazia prosseguir.
Assim foi que à noite, extenuado, enregelado e faminto, chegou a uma pequena aldeia. Foi recebido magnificamente pelos aldeãos, que tomaram todas as medidas necessárias à acomodação e à restauração da saúde dele e da criança.
Ali ficou vários dias. Quando as condições do tempo permitiram, um médico veio à aldeia. (…)
Após ouvir o que seu cliente narrara, o doutor concluiu:
– A sorte do Martuin foi ter achado o menino. Ao colocá-lo de encontro ao peito, dava calor para ele, mas também recebia. Os dois mantinham-se alimentados por essa fonte interna de calor. E foi por isso que resistiram ao frio.
E na lista das vítimas do inverno daquele ano, constava o nome de Pushkin. Seu corpo fora encontrado a poucos metros do lugar onde Martuin resgatou a criança.
Marconi Leal – RIE – Revista Internacional de Espiritismo